O Tenente-Coronel magnânimo e humanista que, quatro anos antes, mandou libertar da cadeia e do caminho para a execução, por espionagem, um aventureiro português que naufragou o seu caiuco nas praias de Malabo, após uma tempestade, foi o mesmo que, em 1979, com um grupo de oficiais saídos da Academia Militar de Saragoça, finalmente achou demais a destruição, o caos e o niilismo do regime de Francisco Macías.
Quando a rebelião começou realmente, na madrugada de 3 de Agosto de 1979, com a ocupação de pontos estratégicos em Bata, houve alguns confrontos armados. Malabo, por outro lado, estava calma.
A poeta portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen escreveu, a propósito do golpe de 25 de Abril de 1974, em Portugal:
“Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo”
Pode-se dizer que, nessa madrugada há 42 anos, a Guiné Equatorial também emergiu, finalmente, da noite e do silêncio.